Blade Runner e a aceitação da morte

Aceitação da morte

Iniciei recentemente a participação no programa Sinestesia (Rádio Educativa – 97.1MHz, em alguns domingos à noite), a convite do amigo Luciano Coelho. Nesta edição conversamos um pouco a respeito do Filme Blade Runner (Ridley Scott – 1982) sob um viés psicanalítico para pensar um pouco acerca da aceitação da morte.

O que sempre me chamou a atenção nesse filme foi a questão relacionada aos replicantes – seres sintéticos, habilidosos, criados para trabalharem em condições que seres humanos não suportariam, a princípio, em colônias interplanetárias do mundo de 2019. Parte de seu projeto era, entretanto, que durariam apenas 4 anos e então entrariam em um processo de rápida degradação e “desligamento”.

Um grupo de replicantes fugitivos chega à Terra para contatar seu criador – o empresário e engenheiro genético Tyrel – em busca da solução para o problema da sua finitude que se aproximava.

E essa se mostra a questão central: como aceitar a proximidade da morte? O que fazemos para negar essa verdade inexorável? Cuidamos de nossa saúde, certamente, mas vamos muito além elegendo rituais, crenças e personalidades que parecem nos distanciar, nos assegurar que a morte estará, por esses esforços e providências, mais distante. Mas, como já mencionei, é inexorável… E no filme vemos que o terror da proximidade da morte faz com que os replicantes assolados por essa certeza coloquem-se à parte de qualquer regramento, em legítima defesa contra aqueles que os caçam como animais/máquinas.

Mas o final do filme nos leva a um momento de extrema poesia em que o derradeiro replicante, em um momento de reconhecimento e aceitação de sua finitude, salvando seu caçador de morte certa, com uma das linhas mais famosas do cinema:

“Tenho visto coisas que vocês não imaginariam. Naves de ataque ardendo no Cinturão de Órion. Vi raios gama brilharem na escuridão, próximo ao Portão de Tanhäuser. Todos esses momentos se perderão no tempo como lágrimas na chuva. Hora de morrer.”

Fica o convite para darem uma olhada no programa, que fica disponível no diretório de programas da rádio.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *